quinta-feira, 14 de maio de 2009

Tropa de Elite

Na esteira dos filmes que assisti anteriormente [Linha de Passe e Blindness], vi Tropa de Elite [José Padilha, 2007, diretor de Onibus 174]. O filme é bem feito, a trama bem montada, mas, confesso que não gostei do filme [veja trailer]. Não gostei do personagem Capitão Nascimento, Wagner Moura não me convence, me parece muito mais preparado do que nossos policiais. Se bem que meu conhecimento sobre a polícia e policiais é bem pequeno e vai continuar assim, se depender de mim. Talvez o problema tenha sido na montagem, uma vez que um dos roteiristas declara que Nascimento não era o personagem central do filme e isso só ocorreu na montagem. Ele não revela quem seria o protagonista antes das mudanças.

O personagem mais marcante é Matias. Ele está entre os três universos que o filme mostra: a polícia, a comunidade da favela e a classe média alta remediada. Matias quer ser policial ao mesmo tempo em que conhece a realidade do morro e assim, almeja fazer um curso superior, quer mais da vida. Ele está encurralado entre esses três vetores.

Tropa de Elite mostra a realidade do Rio de Janeiro, que está em guerra há muitos anos. Não acho que São Paulo seja diferente, basta ver o número de chacinas que ocorrem na região metropolitana o que indica que há milícias espalhadas por toda a periferia. Essa realidade violenta incomoda, claro. Mata-se sem dó nem piedade, mata-se, mata-se a torto e a direita. Mas vê-la no filme, de certo modo caricaturada incomoda mais ainda. Outra coisa que incomoda é essa militarização da policia. Um atraso em todos os sentidos. Não acho que haja certos e errados nessa história, nem que o filme defenda isso ou aquilo. Há apenas perdedores. Todos perdemos com o tráfico de drogas e armas, todos perdemos por termos uma policia violenta, todos perdemos por termos os espaços públicos sitiados, todos perdemos por que nossa classe média não tem consciência do que faz.

Se há um mérito no filme é justamente mostrar que a classes média e alta alimentam essa guerra. As classes média e alta continuam a dizer ‘isso não é comigo’.

Fato interessante é que o filme foi pirateado e se espalhou por todos os lugares antes do lançamento oficial. Então o filme entrou no círculo que denuncia, na onda do trafico, do crime da pirataria.

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