terça-feira, 12 de maio de 2009

poluição urbana

[clique na imagem para ver mais trabalhos do mesmo autor GZUS]

São chocantes os níveis de poluição em nossas cidades. Falo de todas as cidades e de todas as poluições: atmosférica, sonora, visual, residual. Não que eu tenha medidas sobre o impacto da poluição, mas visualmente, só no olhar, dá pra saber que está demais, muito acima do aceitável. Pelo menos do meu aceitável. E há muito tempo. Tudo bem, deve haver exceções, cidades mais cuidadas e outras menos, mas, é preciso generalizar para levantar alguns pontos comuns.

Não é possível que uma cidade seja bonita se sua infra-estrutura é precária, de má qualidade, que se desfaz, entorta, despedaça, fica faltando pedaço. Uma calçada esburacada é bonita? Não pode ser porque além do visual degradado confessa que não cumpre sua função primordial, permitir o fluxo de pessoas de forma eficiente e segura. Se a função não se cumpre, não pode ser bonito. Não se trata de levantar a velha discussão sobre forma e função, qual teria precedência sobre a outra. Na verdade, andam juntas, devem estar presentes como par indissociável.

Não é possível que uma cidade seja bonita se não se pode apreciar seus objetos, seus espaços, suas arquitetura. São tantos fios, postes, placas, letreiros, propagandas, são tantas informações e objetos se sobrepondo uns em frente aos outros que fica impossível enxergar a matéria de que é feita. E essa matéria apresenta o desgaste do tempo, acinzentada pelos gases emitidos pelos milhares de veículos que trafegam pelas ruas todos os dias.

Não é possível que uma cidade seja bonita permitindo a formação de ilhas tão diferentes entre si e que se negam insistentemente. Uma cidade sem planejamento não pode ser bonita.

Não é possível que os níveis de ruído sejam tão elevados em nossas cidades. É o barulho de ônibus mal cuidados e velhos, de carros com motores preparados, de motos que berram, caminhões com caçambas soltas e motores enormes e ruidosos. Pior que tudo isso é permitir a circulação de carros de propaganda anunciando em altíssimo volume coisas que não queremos escutar nem que nos paguem.

Além disso tudo, há a sujeira. Sujeira jogada nas calcadas pelos transeuntes, pelos motoristas e passageiros dos veículos, sujeira que transborda dos sacos de lixo deixados na calçada. Os mesmos sacos que são abertos por pessoas em busca de qualquer riqueza que lhes amenize a dor, da fome, da miséria, do fundo do poço. Pior de tudo são as pichações que danificam edifícios e emporcalham tudo.

Haveria solução para as poluições urbanas? Sim. Mas seria preciso investir recursos, tempo, dinheiro. Seria preciso pessoas dedicadas ao projeto de remodelar as cidades, de reeducar as pessoas. O grande problema, a meu ver, é que o atual estado das coisas está enraizado como parte de nossa cultura. Temos apenas essa imagem de cidade como modelo, parece que sempre foi assim, que é assim, torna-se natural. Quebrar esse círculo será a tarefa mais árdua em qualquer projeto de revitalização urbana. [De tempos em tempos surgem iniciativas aqui e ali. São Paulo deu alguns exemplos que poderiam ser seguidos por outras cidades com a Lei Cidade Limpa e com o rodízio de automóveis. Mas frente a complexidade e dimensão da metrópole as iniciativas parecem ainda insuficientes.]

Para resolver é preciso investir energia, é preciso ter vontade de mudar. Mas isso parece que anda em falta por estas bandas.

Um comentário:

Li disse...

Realmente! Acredito que toda mudança, gera muito trabalho, e poucas pessoas estão impenhadas em aceitar mudanças. O "deixa-como-está-pra-ver-como-é-que-fica" parece que faz pate da vida das pessoas. Já ouvi pessoas dizerem que jogam lixo nas ruas, para garantir o trabalho dos garís, pode isso?? A falta de vontade, aliada a falta de educação, tornaram a pessoas acomodadas. Mas faço minha parte, orientando meus filho e netas. Mostrando a imortância do lixo-no-lixo, nas formas de reciclagem, no uso consciente da água... ao menos tento ensinar a neles como serem seres-humanos melhores.
Adoei este espaço também, parabéns!
Elida