segunda-feira, 8 de junho de 2009

AF447

Muito difícil falar do acidente do Air France 447. Tive que deixar ppassar um tempo pra assentar o impacto, pra organizar os sentimentos, as idéias. Qualquer acidente aéreo é bastante trágico, a violência do impacto muito grande, as conseqüências quase sempre fatais. Nesse caso o mais chocante era, até agora, o desaparecimento do avião. Não havia qualquer vestígio, nenhum traço de nada relacionado ao avião. Um acidente já é difícil de encarar, agora um acidente que não deixa nenhum sinal, sumiu, evaporou, nada! Finalmente encontraram alguns corpos e algumas coisas.

Confesso que tenho acompanhado pouco as notícias sobre o acidente. Fico sabendo de coisas pela Bia. Ela me contou de um casal que viajou separado, cada um com um dos filhos. Acho que mãe e filha estavam no AF447. Bia me perguntou se eu faria isso, caso viajássemos com nossos filhos. Não sei, acho que não. Fiquei pensando que se eu ficasse vivo seria tão difícil encarar a morte de parte da família, tão difícil suportar que perdesse mãe e irmão(s) que preferia que estivéssemos todos juntos. Perguntei se ela gostaria de ficar, viva, nessa situação. Expliquei meus sentimentos. Ela pensou um pouco e concordou comigo.

O fato é que toda viagem envolve riscos. Por mar, ar, terra, motorizado, a cavalo, de bicicleta, a pé. Não importa. Empreender uma viagem envolve riscos. Riscos conhecidos. Impossível saber se o risco se confirmará.

Sempre gostei muito de viajar de avião. Nunca tive medo. Até que me tornei pai. Mas isso não me impediu de continuar viajando. Apenas acrescentou um dado novo. Agora, toda vez que entro num avião tenho consciência dos riscos e enfrento o medo.

Um comentário:

Glória disse...

Também não viajo mais de avião como antes (de ter meus filhos). Quando o avião começa com turbulência, peço para as comissárias de bordo pararem de andar, guardarem os carrinhos, e se sentarem quietas na poltrona delas. NINGUÉM quer comer nada, beber nada, por favor vão para seus lugares e apertem o cinto.
A Silvia Coelho me disse uma vez:
- Nào existe vôo bom ou vôo ruim, só existe um vôo, o que chega. O que pousa. Concordo plenamente.