Do muito que li, duas passagens me chamam muita atenção. Primeiro Antonio Candido, que disse que a intervenção da PM na USP ‘é um atentado aos direitos mais sagrados que as pessoas têm de discutir, debater e agir sem nenhuma pressão do poder público’.
Entretanto, o que me pareceu mais lúcido até o momento foi o artigo ‘Sombras sobre a USP’ [leia na integra] de Marcelo Coelho na Folha de São Paulo desta quarta-feira, 17/06. Transcrevo aqui algumas passagens do artigo de Coelho.
'Aquela época tinha seus extremistas, dispostos, por exemplo, a fazer a reforma agrária “na lei ou na marra”. Eram, certamente, minoritários na população. Havia uma ordem a ser preservada, e uma legalidade para a qual os movimentos de massa não conferiam grande importância. Só uma intervenção militar daria conta da “baderna”.
É triste ver pessoas de belo currículo democrático, notoriamente perseguidas pelo regime militar, apoiando a ocupação da USP pela PM. Sem dúvida, a polícia age agora com autorização judicial e o golpe de 1964 foi, afinal, um golpe.
Do ponto de vista político, entretanto, as situações se assemelham. Como em 1964, muitos “democratas” agora acham que é preciso reprimir pela força as “minorias radicais”, contando com o aparato militar para defender a ordem, contra a “baderna”.'
[...]
‘O problema é saber por que se chegou a esse ponto -em que pessoas respeitáveis acabam achando que “só a PM resolve essa baderna”. Quando acontece isso, um sistema de representação e de poder se revela disfuncional. A política deixa de funcionar e a força prevalece’.
‘Se “minorias radicais” conduzem o processo, cabe perguntar onde estão as maiorias moderadas. Deveriam estar presentes nas assembleias (e piquetes) que decidem mobilizações em nome de todos’.
[...]
'O mesmo dilema levou a crises violentas no sistema político brasileiro, tempos atrás. Minorias “extremistas” se iludem com a omissão da maioria “ordeira”, que não se dá ao trabalho de mobilizar-se pela “ordem” e pela “moderação”. Afinal, tem as tropas a seu dispor’.'
Foi-se o tempo em que as universidade eram lugar de liberdades civis garantidas e defendidas pela nata da intelectualidade do pais.
'Aquela época tinha seus extremistas, dispostos, por exemplo, a fazer a reforma agrária “na lei ou na marra”. Eram, certamente, minoritários na população. Havia uma ordem a ser preservada, e uma legalidade para a qual os movimentos de massa não conferiam grande importância. Só uma intervenção militar daria conta da “baderna”.
É triste ver pessoas de belo currículo democrático, notoriamente perseguidas pelo regime militar, apoiando a ocupação da USP pela PM. Sem dúvida, a polícia age agora com autorização judicial e o golpe de 1964 foi, afinal, um golpe.
Do ponto de vista político, entretanto, as situações se assemelham. Como em 1964, muitos “democratas” agora acham que é preciso reprimir pela força as “minorias radicais”, contando com o aparato militar para defender a ordem, contra a “baderna”.'
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‘O problema é saber por que se chegou a esse ponto -em que pessoas respeitáveis acabam achando que “só a PM resolve essa baderna”. Quando acontece isso, um sistema de representação e de poder se revela disfuncional. A política deixa de funcionar e a força prevalece’.
‘Se “minorias radicais” conduzem o processo, cabe perguntar onde estão as maiorias moderadas. Deveriam estar presentes nas assembleias (e piquetes) que decidem mobilizações em nome de todos’.
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'O mesmo dilema levou a crises violentas no sistema político brasileiro, tempos atrás. Minorias “extremistas” se iludem com a omissão da maioria “ordeira”, que não se dá ao trabalho de mobilizar-se pela “ordem” e pela “moderação”. Afinal, tem as tropas a seu dispor’.'
Foi-se o tempo em que as universidade eram lugar de liberdades civis garantidas e defendidas pela nata da intelectualidade do pais.
Um comentário:
Olá, tudo bem?
Pois é, Octávio!
Eu, estando lá dentro, sei muito bem como as coisas têm funcionado, especialmente quando se trata de imposições....
Embora esteja entre as universidades renomadas do Brasil e da América Latina, a USP já não vem cumprindo uma de suas principais tarefa, que é a formação de cidadãos conscientes e que saibam fazer uso da liberdade de expressão,defendendo a sua opinião e tentando entender as dos outros
Muitos mestres, doutores e livre docentes, que lá estão, esqueceram-se do que passaram nessa década de 60,que lutaram pelos direitos estudantis e da população, de forma geral. Esqueceram-se das situações revoltantes e humilhantes pelas quais foram submetidos outrora......
Mas o tempo é algo impressionante. Ele tem a capacidade de varrer muita sujeira, como a poeria trazida (ou levada) pelo vento...
Nada como estar em uma posição confortável, ter um cadeira com seu nome na USP, afinal, está em jogo um salário de 25.000,00... isso é o tempo.
Como aluna e professora, estou muito chocada com a atitude dos dirigentes (ex-alunos) da USP, com a posição que tomaram...não só devido a esse episódio, mas a muitos outros recorrentes no dia-a-dia dessa tão linda e amada Universidade!Lamentável!
Abçs
Marli.
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