quinta-feira, 25 de junho de 2009

Michael Jackson morreu

Michael Jackson morreu. O Pop jamais será o mesmo sem ele. Morreu por problemas no coração, aos 50 anos.

Me lembro como se fosse hoje o di em que escutei pela primeira vez, em 79, seu álbum Off the Wall. Rock with you and I Can’t help it são hits que me marcaram muito. Continuou sendo sempre, pra mim, o melhor álbum dele. Não posso esquecer que no álbum Thriller, o mais vendido em todos os tempos [e que videoclip!], tinha a musica Billie Jean que na época significou tantas coisas pra mim, teve tanto a ver comigo naquela fase de minha juventude. Foi o primeiro clip de um artista negro a passar na MTV. Michael eternizou o moon walk como passo de dança. Ainda em Thriller tem Human Nature, belíssima.

Nunca entendi muito bem o que aconteceu com ele a partir de Thriller. A impressão que tenho é que tornou-se um estranho pra ele mesmo.

‘Billie Jean is not my lover, she’s just a girl who claims that I am the one, but the kid is not my son.’



Veja e leia mais:
http://www.allmichaeljackson.com/index.html
http://en.wikipedia.org/wiki/Michael_Jackson
http://www.youtube.com/user/michaeljackson?blend=2&ob=4

father and daughter

quarta-feira, 24 de junho de 2009

in treatment

Clique na imagem para assistir a videos sobre a segunda temporada.

Não sou muito de assistir séries americanas. Gostava muito do Seinfeld, procurava não perder um. Quando acabou, não me encantei por nenhuma outra. Mas, no ano passado, achei intrigante a série que prometia acompanhar um analista e seus pacientes. Como os produtores conseguiriam transformar uma sessão de análise em algo interessante a ponto de ser assistido na televisão? O formato prometia algo bem interessante, a cada dia da semana, um paciente. Pra quem gosta de ouvir gente falando, como eu, é um prato cheio. Os diálogos são sensacionais, as situações complexas, os personagens muito ricos. O analista é Gabriel Byrne, ótimo no papel. Enfim, In Treatment é uma série que assisto com prazer [veja a programação de Em Terapia no Brasil].

Assisti a toda primeira temporada e temi que a segunda não saísse por causa da demora, Demorou mas saiu. Um dos criadores da série é Rodrigo Garcia, filho de um famoso escritor de sobrenome Garcia. Da pra imaginar quem?

primeira temporada:



caso nao visualize, veja aqui

terça-feira, 23 de junho de 2009

diploma de jornalismo

Foi um avanço o fim da obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão de jornalista. Ranço da ditadura militar que a tudo queria censurar, inclusive quem poderia tratar da informação. Um anacronismo quando se percebe a revolução colocada pelos meios digitais e pelas tecnologias de informação e comunicação. Assim, estão asseguradas as liberdades de expressão e pensamento.

Parece que eu, intuitivamente, pensava nisso, quando larguei o curso de jornalismo um ano depois com a justificativa de que não precisava dele pra escrever. Sempre escrevi, acho que bem. Mas com as tarefas disso e daquilo, com as obrigações a cumprir nisso e naquilo, esse projeto de escrever ficou abandonado por muitos anos, até a que redescobri que escrevia relativamente bem fazendo a tese.

Ouço dizer que não devemos nos arrepender daquilo que fizemos. Conheço gente que não se arrepende de nada, mas a frase me soa um pouco ideal, a vida ideal, sem percalços, sem deslizes, sem senões. Tenho uma pá de coisas de que me arrependo, minha vida está longe de ser espelho de qualquer utilidade. Acho que seria mais feliz se fosse jornalista. Talvez tivesse me tornado um bom articulista. Ainda poderia sê-lo. Agora é tarde. Ora, nunca é tarde. Mas meu relógio anda meio parado.

Leia mais aqui e aqui.

sábado, 20 de junho de 2009

interview project

David Lynch lançou um projeto bastante instigante: Interview Project. 121 entrevistas com pessoas anônimas e comuns, percorrendo 25 milhas em 70 dias. Bem ao estilo americano de por o pé na estrada, na tradição de Jack Kerouac: On the road. Ouvir pessoas falando é uma das melhores coisas pra se assistir. Caço isso na TV o tempo todo. Interview Project tem um novo episódio a cada 3 dias.

David Lynch é uma marca. Como cineasta deu outro tom ao cinema nos anos 80 com Blue Velvet [ah! A bela Isabella Rosselini!]. Entretanto, O Homem Elefante é seu filme mais forte, radicalmente impressionante. O time do filme é incrível, com John Hurt e Anthony Hopkins encabeçando o elenco.

Não gosto de tudo o que fez, mas é um artista hábil em reconhecer as possibilidades dos meios. Até uma tira o homem criou, The angriest dog in the world. Com Twin Peaks na TV ficou mundialmente famoso.

O site de Lynch tem muita coisa interessante, como a previsão do tempo, por exemplo. E uma de suas companhias se chama ‘absurda’. Belo nome. E seu cabelo...é demais, não é?

sexta-feira, 19 de junho de 2009

polícia militar na usp

A USP tem estado no noticiário por razões bem menos nobres do que deveria estar. A greve de professores e funcionários acabou em confronto com a policia militar [leia mais sobre o conflito aqui]. Confesso que fico chocado com a intervenção da polícia militar na USP. Como se chegou a esse ponto é difícil saber. Não achei mais que fosse ver esse tipo de autoritarismo no Brasil, quando se impõe algo através da força. A reitoria age em sintonia com as indicações do governo do estado. Triste é ver diretores das unidades apoiando a permanência da PM no campus [leia aqui quem são os diretores apóiam e os que são contra].

Do muito que li, duas passagens me chamam muita atenção. Primeiro Antonio Candido, que disse que a intervenção da PM na USP ‘é um atentado aos direitos mais sagrados que as pessoas têm de discutir, debater e agir sem nenhuma pressão do poder público’.

Entretanto, o que me pareceu mais lúcido até o momento foi o artigo ‘Sombras sobre a USP’ [leia na integra] de Marcelo Coelho na Folha de São Paulo desta quarta-feira, 17/06. Transcrevo aqui algumas passagens do artigo de Coelho.

'Aquela época tinha seus extremistas, dispostos, por exemplo, a fazer a reforma agrária “na lei ou na marra”. Eram, certamente, minoritários na população. Havia uma ordem a ser preservada, e uma legalidade para a qual os movimentos de massa não conferiam grande importância. Só uma intervenção militar daria conta da “baderna”.
É triste ver pessoas de belo currículo democrático, notoriamente perseguidas pelo regime militar, apoiando a ocupação da USP pela PM. Sem dúvida, a polícia age agora com autorização judicial e o golpe de 1964 foi, afinal, um golpe.
Do ponto de vista político, entretanto, as situações se assemelham. Como em 1964, muitos “democratas” agora acham que é preciso reprimir pela força as “minorias radicais”, contando com o aparato militar para defender a ordem, contra a “baderna”.'
[...]
‘O problema é saber por que se chegou a esse ponto -em que pessoas respeitáveis acabam achando que “só a PM resolve essa baderna”. Quando acontece isso, um sistema de representação e de poder se revela disfuncional. A política deixa de funcionar e a força prevalece’.
‘Se “minorias radicais” conduzem o processo, cabe perguntar onde estão as maiorias moderadas. Deveriam estar presentes nas assembleias (e piquetes) que decidem mobilizações em nome de todos’.
[...]
'O mesmo dilema levou a crises violentas no sistema político brasileiro, tempos atrás. Minorias “extremistas” se iludem com a omissão da maioria “ordeira”, que não se dá ao trabalho de mobilizar-se pela “ordem” e pela “moderação”. Afinal, tem as tropas a seu dispor’.'

Foi-se o tempo em que as universidade eram lugar de liberdades civis garantidas e defendidas pela nata da intelectualidade do pais.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

quanto vale um ex-presidente

O discurso de José Sarney no Senado, se defendendo de acusações de manobras ilícitas, é de chorar. [leia o discurso na integra aqui] Na verdade, é a cara do Senado. Como a crise pode ser do Senado sem ser dele, senador e presidente da casa? Não entendo. Como não? Não seria melhor que ele dissesse ‘a crise do senado é minha também, é nossa’, não seria? Noa seria algo mais a altura de um presidente do senado que já foi presidente do país? Diz ele que herdou a coisa nesse estado. Ora, como se ele não tivesse sido exercido a presidência do senado em outras duas oportunidades nos últimos 15 anos, 1995 e 2003. [veja sua trajetória política aqui]

Como é possível que um ex-presidente do país se submeta a esse papel? Mais grave é apelar para sua história pessoal exigindo tratamento digno daquilo que já fez. Até o presidente Lula afirmou que Sarney não merece tratamento de pessoa comum. Como é? Não entendo.

Tivesse Sarney se dado ao respeito depois que foi presidente do Brasil, tivesse dado ao cargo que exerceu o devido valor, tivesse atribuído ao seu papel a importância que teve [o primeiro presidente civil a assumir a presidência depois dos anos da ditadura] não estaria hoje no senado federal.

Não vejo presidentes de outros países se metendo na política nacional de seus paises. Vejo-os assumindo papeis de proeminência, de conselheiros, de homens de fato especiais, que trabalharam por suas nações exercendo o cargo de mais alto grau de importância. Isso não ocorre no Brasil. Dos 4 últimos presidentes, 2 estão no senado [Collor e Sarney] e os outros 2 estão envolvidos na política partidária [Itamar e Fernando Henrique]. FHC vive dando pitacos malcriados e provocativos na política de Lula. Nossos ex-presidentes se rebaixam ao invés de cultivar uma aura de dignidade e altivez que merecem os grandes estadistas. Fácil concluir que não tivemos [e não temos] grandes estadistas ou, ao menos, presidentes de grande estatura.

Fora Sarney! Mas quem no lugar dele?

tato profissional

Não acreditei em meus ouvidos ontem, quando ouvi Kleber Leite, vice-presidente do Flamengo, dizer aos microfones de radio e televisão que caso o técnico Cuca pedisse demissão, já tinha dois substitutos em vista e disse os nomes dos dois. Rapaz, isso é que é ambiente de trabalho profissional. Já pensou você no lugar do Cuca? Chega o seu chefe e diz, ‘escuta, caso você peça demissão, não se preocupe, já pensamos em dois possíveis substitutos pra você’.
Nunca vi um dirigente com tanto tato e sensibilidade como Kleber Leite. Muito sensível. Muito profissional. Não querendo demitir o técnico, anuncia publicamente que espera que ele peça demissão e, por isso, já está preparado. Trabalhe-se com um barulho desses!

quarta-feira, 17 de junho de 2009

espaço urbano e cultura

O que há de errado nessa foto? A pichação lá no alto, na parede de tijolos? A pichação no portão e portas de enrolar? O lixo acumulado num canto da calçada? O carro estacionado na calçada? Sim, todas as respostas anteriores e mais um monte de coisas. A calçada de menos de um metro de largura, as construções sem recuo de frente, o ponto de ônibus [dá pra ver o ponto de ônibus?], a sujeira generalizada. Está tudo errado!

Não me estranharia que muitas pessoas não conseguissem enxergar nada de errado nessa foto. Sim, porque estamos tão acostumados com esse padrão urbano, com esse tipo de situação, que acabamos não vendo mais nada, não enxergando isso como um problema.

Agora, você vai me dizer que isso é na periferia, que as cidades brasileiras não são todas assim. São sim, todas as cidades brasileiras são assim. Ou até piores do que isso. O que temos são ilhas de excelência, lugares, pedaços da cidade em que se tem um mínimo de desenho urbano, de cuidado com o planejamento. Claro, esses pedaços acabam virando cartões postais. Sabe onde tirei essa foto? Na avenida do Cursino, no Ipiranga, São Paulo. O Ipiranga é um bairro bom, perto do centro da maior metrópole do país. Imagina a periferia da cidade. Não tenho dados concretos, mas posso apostar que no mínimo 70% do tecido urbano da cidade de São Paulo tem uma ocupação como esta ou pior.

E aí tenho outra pergunta. Cidade é cultura? E essa eu respondo rápido: sim, é cultura. Mas como todo o resto da cultura no Brasil está em estado de calamidade. Aí você vai dizer que cultura é tudo aquilo que define nossa identidade. Pois é, esta maneira de ocupar a cidade é um pouco de nossa identidade, herança dos portugueses, que ocuparam nossas encostas e morros desenhando ruas tortuosas com uma intensa relação de proximidade com as casas. Mas o estado em que se encontra essa ocupação, o estado de degradação, de descaso, isso também esta se tornando parte de nossa identidade.

O grande problema é que este padrão urbano, essa cara de cidade é a cara das cidades brasileiras que já não enxergamos mais porque crescemos no meio disso, convivendo com isso, vendo isso como se fosse natural. Gostaria que isso mudasse, que nossa cultura urbana pudesse ser valorizada, preservando seus valores positivos, mas enquanto tivermos olhos só pras ilhas de prosperidade de nossas cidades que nada tem a ver com nossa cultura, nada vai mudar.

terça-feira, 16 de junho de 2009

hi: real human interface



Muito bom! A coisa foi criada pelo coletivo multitouch de Barcelona que está desenvolvendo o que eles chama de Natural Interaction Project. Há outros trabalhos muito interessantes também, merecem uma espiada.

Caso não consiga ver o vídeo, siga por aqui: http://www.youtube.com/watch?v=Gjd7rtlu5bU

segunda-feira, 15 de junho de 2009

feriado

O bom dos feriados é poder ficar sem ler os jornais, sem ver televisão, sem escutar noticia nenhuma e aproveitar pra curtir a família, ler um bom livro, tomar um sol quando ele pinta, correr um pouco, comer coisas diferentes, ficar de papo pro ar.

O ruim dos feriados é hora em que eles terminam e é preciso voltar pra mesma rotina e descobrir que nada mudou, as notícias são as mesmas, nada se resolveu, talvez o mundo tenha ficado um pouco pior e ainda há tantas coisas por fazer.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

home project



Home é um belo projeto que resultou num filme de Luc Besson. Será lançado em 87 paises em 14 línguas diferentes. É longo, cerca de 1 hora e meia, mas vale a pena assistir. As imagens são belíssimas.
Ficará no youtube até dia 14 de junho. Assista o filme aqui: http://www.youtube.com/homeproject
Visite o site: http://www.home-2009.com/us/index.html

terça-feira, 9 de junho de 2009

o limite dos olhos

I-Movix Sprintcam v3 sample shots from David Coiffier on Vimeo.


É impressionante o que se pode fazer com uma câmera nos dias de hoje. E pensar que a reprodução de imagens em movimento captadas por lentes e câmeras e impressionadas em películas tem em torno de 120 anos. Começou com os Irmãos Lumiére. Essas imagens em câmera super lenta, coisa de 1000 FPS ou mais revelam coisas que nossos olhos jamais poderiam sonhar em ver. Dão aos nossos olhos uma certa tatilidade, parece que os olhos tocam cada detalhe de um movimento jamais visto. Confirma a teoria dos formalistas de que o inusitado, o nunca visto, faz perdurar a recepção aumentando a qualidade da percepção. Vai dizer que não parece que se está tocando aquela gelatina com os olhos?

a greve acabou

Terminou a greve dos servidores municipais de Campinas. Foram 20 dias de greve. Segundo eles mesmos, o movimento foi vitorioso. Não sei, não. Conseguiram apenas o que a prefeitura ofereceu, dias atrás. E não se fala mais nos 56% de aumento no salário do prefeito.

Campinas não tem, hoje, oposição. A bancada dos vereadores apóia o prefeito, é situação. Há pelo menos uma exceção, o vereador Artur Orsi, do PSDB. Artur se coloca acima do partido. É homem íntegro, conhece a cidade, tem interesses genuínos por Campinas, atua ativamente na câmara municipal. Vamos procurar saber sua posição sobre o aumento do prefeito.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

AF447

Muito difícil falar do acidente do Air France 447. Tive que deixar ppassar um tempo pra assentar o impacto, pra organizar os sentimentos, as idéias. Qualquer acidente aéreo é bastante trágico, a violência do impacto muito grande, as conseqüências quase sempre fatais. Nesse caso o mais chocante era, até agora, o desaparecimento do avião. Não havia qualquer vestígio, nenhum traço de nada relacionado ao avião. Um acidente já é difícil de encarar, agora um acidente que não deixa nenhum sinal, sumiu, evaporou, nada! Finalmente encontraram alguns corpos e algumas coisas.

Confesso que tenho acompanhado pouco as notícias sobre o acidente. Fico sabendo de coisas pela Bia. Ela me contou de um casal que viajou separado, cada um com um dos filhos. Acho que mãe e filha estavam no AF447. Bia me perguntou se eu faria isso, caso viajássemos com nossos filhos. Não sei, acho que não. Fiquei pensando que se eu ficasse vivo seria tão difícil encarar a morte de parte da família, tão difícil suportar que perdesse mãe e irmão(s) que preferia que estivéssemos todos juntos. Perguntei se ela gostaria de ficar, viva, nessa situação. Expliquei meus sentimentos. Ela pensou um pouco e concordou comigo.

O fato é que toda viagem envolve riscos. Por mar, ar, terra, motorizado, a cavalo, de bicicleta, a pé. Não importa. Empreender uma viagem envolve riscos. Riscos conhecidos. Impossível saber se o risco se confirmará.

Sempre gostei muito de viajar de avião. Nunca tive medo. Até que me tornei pai. Mas isso não me impediu de continuar viajando. Apenas acrescentou um dado novo. Agora, toda vez que entro num avião tenho consciência dos riscos e enfrento o medo.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

a história das coisas

The story of stuff, uma animação muito boa sobre a cadeia produtiva que alimenta o consumo.

Há uma versão dublada no youtube, parte 1 e parte 2. Recomendo assistir o vídeo no próprio site [clique na imagem acima] por que lá é interativo. Há muito mais coisas no site.

Não vou dizer que vou deixar de consumir, mas que é possível maneirar um pouco, isso dá. Os EUA são realmente grandes vilões nessa cadeia, mas nós seguimos o mesmo modelo. E quanto a consciência da perversidade de todo o processo e as novas maneiras de encará-lo, bem aí é outra história. Acho que há algo a caminho, mas longe ainda de ser algo efetivo. Quem está envolvido com crianças tem responsabilidade redobrada.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

publicidade na tv

[leia mais aqui]

comunicação à brasileira

Num país em que a fronteira entre certo e errado, entre bom e ruim, entre qualidade positiva e negativa, num país em que os valores são todos pervertidos e o conceito de ética é apenas um borrão nebuloso, jornalismo independente é artigo de luxo. Acho que se há exceções significativas, estas estão no rádio. Jornais impressos chegaram a tal ponto que a leitura nos fins de semana ficou completamente comprometida. Perdi a paciência com a Folha de São Paulo e contei quantas páginas de anúncios tinha a edição de domingo: 70% do jornal. Perdidas no meio de lançamentos imobiliários, era quase impossível encontrar as notícias que se transformaram em notas, adereços, penduricalhos ao conteúdo principal: mercado imobiliário. Escrevi ao ombudsman da época com os dados e disse ele que eu não era o único incomodado, mas que essa era a tendência do jornalismo no Brasil. Claro que jornais sérios pelo mundo não sucumbem a interesses meramente monetários, pois têm princípios que os impedem de se venderem antes de vender informação, razão de sua existência. Desisti da Folha. O concorrente, O Estado de São Paulo é um pouco melhor. O que salva os jornais são seus articulistas.

As revistas não ficam atrás. Ter que engolir a Veja como a grande formadora de opinião é demais. Falar de informação tendenciosa é pouco quando se trata de Veja. Eu não acredito na idoneidade do que se escreve por lá. Claro, assim como nos jornais, nas revistas há gente muito boa, especialmente os articulistas. Mesmo assim, raramente leio revistas.

Televisão então, nem se fala. Há tempos não assisto os canais abertos, Globo, Bandeirantes, SBT, Record. Nem a TV Cultura assisto mais. Acho que já assisti minha cota de Rede Globo pelo resto da vida, foram anos assistindo a novelas, agüentando o Galvão Bueno e o Jornal Nacional. Sinto arrepios só de escrever isso tudo. Novelas não são apenas o retrato do Brasil, mas estabelecem padrões culturais que se sedimentam com muita força. Um absurdo em se tratando de um país tão desigual quanto o nosso. E o jornalismo da Globo é dos mais tendenciosos, noticiam o que querem, como querem, segundo interesses próprios dos mais diversos. O casal-âncora, que por sinal também tem trigêmeos [sempre digo que a diferença entre a família deles e a nossa é apenas da ordem de 6 zeros], me parecem dois bonecos ventríloquos, tão durinhos são. Programas de domingo, então, nem se fala. Nunca vi coisa de tão baixa qualidade. Não agüento ver Gugu, Faustão, Hulk, Luciana, Galisteu e outros da mesma estirpe. Se essas são as pessoas influentes em nossa cultura, estamos mal.

Já virou jargão dizer que a qualidade de nossa produção televisiva é excelente. Eu acrescentaria apenas uma palavra para concordar com a afirmação: técnica. A qualidade técnica de nossas produções televisivas é muito boa, mas o conteúdo, nem tanto. E haja paciência pra tanto merchandising. Às vezes zapeio pelos canais e não consigo ficar mais que um minuto assistindo a essa massa de desinformação. O volume de conteúdos pobres é tão grande e tão rasteiro que me deixa extremamente incomodado. Vejo uma relação entre, por exemplo, violência e programas de auditório. Acho que daria uma boa tese de doutorado em sociologia. Aliás, tenho certeza que algumas foram e outras estão sendo escritas sobre o assunto.

Antes que alguém me acuse de alienação, digo logo que antes alienado que dragado pela miséria televisiva que nos assola. Antes que me chamem de elitista, digo que, ao contrário, elitista é nossa imprensa, que escreve sempre sob o mesmo ponto de vista, de uma minoria com privilégios, mas nem por isso esclarecida. A opção de me privar dessas coisas é pra me preservar, por que me faz muito mal.

Acho que já faz 4 anos que não vejo canais abertos e mais ainda que não leio revistas. Jornal, de sexta a segunda, só. Isso, mais um pouco de rádio, documentários, filmes e programas esportivos me satisfazem completamente. Ficar por fora disso tudo que é o retrato do Brasil não me faz falta. Vivo isso todos os dias quando saio às ruas. Ao contrário, não ver a cara do Brasil na televisão e nas revistas me faz muito bem. [leia mais aqui]

a greve continua

A greve prossegue. O blog dos servidores se transformou numa grande ferramenta de comunicação, não só entre os servidores, mas entre eles e a população da cidade.

Duas pequenas notas:

1] Achei no blog a explicação para cobertura ridícula que a greve vem tendo em toda a mídia campineira: a prefeitura é um dos maiores clientes dos canais de TV, jornais e rádios locais, com mais de 30 milhões gastos em publicidade. O post merece ser lido.

2] A prefeitura tenta ignorar a greve, o portal na web não tem uma nota sequer sobre a greve. Parece brincadeira, mas não é.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

greve dos servidores de Campinas continua

[foto Carlos Bassan/AAN]
A greve dos servidores completa hoje 15 dias. E o dia de ontem foi marcado pela violência da Policia Militar e da Guarda Municipal. Os guardas municipais são servidores que partiram pra cima dos colegas depois de um incidente sem importância, uma porta de vidro quebrada no Paço Municipal. Além da incompetência para negociar, a prefeitura agora apela para a violência. Policiais da Guarda usaram g’as de pimenta e levantaram seus cacetetes contra os servidores.

Os servidores estão firmes em suas posturas. Não devem esmorecer. Só o fato dos 56% de aumento no próprio salário já seria motivo suficiente para que toda a população da cidade saísse em passeata ao lado dos manifestantes. A população tende a esquecer disso à medida que a greve perdura, por que os manifestantes, sabiamente, sabem se organizar para chamar a atenção.

Afinal, não há o que possa colocar limites nas arbitrariedades do prefeito? o prefeito contrata parentes e nao ha quem possa impedir isso? Quem aprovou o reajuste de 56%? A Câmara de Vereadores? E quem pode desaprovar? A desaprovação dos servidores e de grande parte da população não basta para por fim ao governar em causa propria e ao nepotismo na prefeitura de Campinas?

Acompanhe a greve no blog dos servidores e no blog Diálogos Políticos.

terça-feira, 2 de junho de 2009

linha de passe

Segunda-feira é dia de Linha de Passe, no canal ESPN Brasil. No grande deserto de mesmice da TV brasileira é o grande programa esportivo no Brasil e um dos melhores programas de toda a TV brasileira. Jornalismo independente de primeira linha. Também, pudera, o editor chefe da ESPN Brasil é José Trajano, figura de respeito quando se trata de jornalismo de qualidade. E a equipe titular do programa, comandada pelo imparcial João Palomino, é composta pelos venerados veteranos e grandes do jornalismo como Juca Kfouri, Fernando Calazans e Marcio Guedes e pelo novo, porém não menor, Paulo Vinícius Coelho, o PVC. O banco de reservas superior é composto por Paulo Calçade e Mauro Cezar Pereira.

De todos, Marcio Guedes é o que acompanho a mais tempo, desde a Rede Manchete nos anos 80 [leia mais aqui]. O programa esportivo contava com seus comentários, era comandado pelo Paulo Stein, tambem na ESPN Brasil e tinha uma vinheta do David Sanborn. Trajano e Juca, eu já assistia no Cartão Verde da TV Cultura, quando o programa era bom. Juca é notável desde a Playboy e da Placar. Calazans conheci no Linha de Passe, assim como o PVC, o grande analista do futebol da atualidade. PVC trabalha com dados que antes não apareciam nas analises por estas bandas. Trajano, na minha opinião, é o melhor jornalista esportivo em atividade. Sua indignação e autenticidade, seu compromisso com a verdade são a marca registrada de um grande jornalista. Trajano é a encarnação da independência. Mas PVC também é muito, muito bom.

Na mesa redonda do Linha de Passe a conversa é franca, o debate aberto, todos podem expressar suas opiniões e críticas com liberdade e respaldo da emissora. Não tem rabo preso, não tem outro compromisso a não ser com a informação. O mote da ESPN Brasil é ‘informação é nosso esporte’.

Procuro acompanhar o programa todas as segundas, mas nem sempre é possível convencer a Bia, minha mulher, de que é a melhor opção naquele horário da TV. Acho que é o que há de melhor na TV. O tipo de programa que, depois que termina, a gente se sente revigorado, com as esperanças renovadas. De tanto vê-los e compartilhar as mesmas posturas e opiniões, acabo achando que sao todos meus amigos de longa data. Se você não conhece o programa, recomendo fortemente.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

greve em Campinas continua

A greve dos servidores em Campinas entra em seu décimo terceiro dia consecutivo, 13 dias corridos, 9 dias úteis. E a perspectiva é de que continue, uma vez que o governo municipal não acena com nenhuma proposta que mereça ser apreciada. Continuo dizendo que o prefeito Hélio de Oliveira Santos, o Dr. Hélio, deveria voltar atrás nos aumentos de 56% do seu salário e de salários do alto escalão. Pense bem, essa seria a única proposta digna de um homem que tem pretensões políticas maiores que a administração municipal. Mas como a dignidade entre os políticos é artigo raro, aposto que a greve prosseguirá por um bom tempo. Hélio deveria perceber que o ônus político de sua postura causará danos bem maiores do que ele está imaginando. A boa notícia é que há muito tempo não se presenciava uma greve tão longa na cidade.

Sugiro ao pessoal envolvido com a organização e articulação dos servidores que lancem alguma coisa para mobilizar a população. Algo que possa identificar quem está apoiando a greve, algo fácil e barato, que possa se espalhar rapidamente entre os cidadãos. Algo como uma fita de determinada cor na amarrada a antena dos carros, alfinetado nas camisas e camisetas. Algo como a fitinha vermelha da AIDS, sabe como é? Qualquer um pode fazer isso em casa e é fácil de fazer pra distribuir nos principais semáforos da cidade.

Para saber mais sobre a greve, os servidores organizaram um blog que contem todo o histórico da greve e todas as informações, inclusive a agenda dos próximos passos a serem tomados. Visite e deixe seu apoio: http://greveservidorescampinas2009.blogspot.com/