sexta-feira, 25 de setembro de 2009

mais 7 mil !

A câmara dos deputados aprovou emenda constitucional que cria 7.709 vagas para vereadores em todo o país. Mas será que os municípios precisam disso? Impressionante! A briga entre parlamentares agora é pra que as contratações sejam imediatas e não apenas nas eleições de 2012. Por que tanta pressa? As vagas serão preenchidas por aqueles que hoje são suplentes de vereadores, que segundo as notícias, fizeram uma pressão forte nas galerias da câmara. Será que isso tem alguma relação com as eleições do ano que vem?

Leia mais aqui, aqui e aqui.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

22 de setembro é o dia mundial sem carro

Mas como? Apesar de ser totalmente a favor, vejo que as ações do governo deveriam ser exatamente nesse sentido, de privilegiar o pedestre e criar condições para que o usuário das cidades prefira ser pedestre a utilizar transportes motorizados. Se optar por eles, que escolha os coletivos.

Mas não é o que se vê nas cidades brasileiras. Não é o que se vê nas grandes cidades brasileiras. Ao contrário, o que se observa é justamente a opção pelo automóvel. Quando o governo de São Paulo inicia obras de ampliação das marginais do rio Tietê, compreende-se que a maior cidade da América Latina quer mais carros.

Em Campinas, o dia mundial sem carro foi marcado por congestionamentos mais extensos e demorados do que em dias normais. Não vi a administração municipal aderir formalmente ao movimento nem incentivar seus habitantes a aderirem. Nenhuma surpresa.

A cidade deveria ter um projeto que incentivasse os habitantes a serem pedestres. Tal projeto deveria pensar em 3 pontos primordiais: na organização de uma rede de transportes, coletivos e públicos, eficiente que não dependesse apenas de ônibus, na implantação de uma rede de ciclovias por toda a malha urbana e na construção e recuperação das calçadas da cidade. Tendo esse projeto, a cidade poderia incentivar seus habitantes a deixarem o carro em casa.

Infelizmente, as calçadas em Campinas são precárias, repletas de obstáculos que vão de postes de iluminação, placas de sinalização, cestos de lixo, telefones públicos, semáforos, desníveis de toda ordem. Além disso, o calcamento utilizado é inadequado [as pedras portuguesas são lindas, mas se soltam com facilidade] e exige manutenção constante. Fora as calcadas, há apenas uma ciclovia na cidade [na verdade uma ciclofaixa no asfalto compartilhada com os automóveis] em torno do Parque Taquaral. E por fim o transporte coletivo não chega perto de oferecer aos usuários o mínimo de qualidade.

É preciso fazer alguma coisa pra que Campinas não se transforme numa segunda São Paulo. Pelo que se vê nas ruas da cidade, isso não vai demorar muito a acontecer. No dia mundial sem carro, o trânsito de Campinas parou por excesso de veículos. Quem sabe um dia a situação melhora, mas não tenho esperanças de ver qualquer mudança de perto.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

apropriação do espaço público

O Brasil teria um espaço engraçado se não fosse trágico. Um traço da nossa personalidade, do brasileiro, é ver graça em tudo, não ver mal em nada. Na verdade, estamos tão acostumados a ver coisas erradas por aí que nem nos damos conta de que de fato a coisa está errada quando nos deparamos com ela. Por outro lado, achamos que quem reclama é chato, está de mal com a vida, é ruim do fígado. Eu sou daqueles que enxerga coisa errada de longe e não vê mal nenhum em reclamar, pelo contrário. Senso crítico e autocrítica são coisas que não me faltam.

Outro aspecto da personalidade do brasileiro é considerar que o que é público não lhe pertence. Se é público, não é de ninguém. Se não é de ninguém e muito menos meu, não tenho responsabilidade nenhuma sobre aquilo. Por isso vemos tanto lixo na rua, tanto vandalismo por todas as nossas cidades. A face mais escura dessa particularidade é justamente o seu oposto: se o que é público não é de ninguém, quem chegar primeiro leva. Como não podia deixar de ser, essa postura se reflete na política brasileira já que a política é uma das formas pela qual nossa cultura se manifesta.

Essa é também, de certo modo, a história da ocupação do nosso território. Quem chegava primeiro tomava posse, se proclamava dono. Isso é bastante visível em nosso litoral, principalmente o litoral norte paulista, em que condomínios ocupam áreas de proteção ambiental, áreas que deveriam ser de todos e acabaram exclusivas para alguns poucos.
Passo todos os dias na rua Ary Barroso, em Campinas. Essa rua mereceria um estudo mais aprofundado, tão grandes são os absurdos existentes ali. A rua margeia uma área do que deveria ser o parque linear do, senão me engano, ribeirão tanquinho [por favor me corrijam se estiver errado]. A área que deveria ser um parque vai, lentamente, sendo ocupada para usos privados. Só pra mostrar dois exemplos. Uma barraca de comida, que segundo o ‘proprietário’, já está ali a sete anos. E um estacionamento de uma imobiliária que se mudou para o outro lado da rua recentemente.
Ora, se o poder público e as autoridades, representantes dos eleitores, não tomam conta do espaço público, não zelam por ele, não valorizam o que é de todos, o que acontece? Acaba sendo de ninguém, não tem dono e sendo assim, quem chegar primeiro leva. Esses são apenas alguns exemplos. Muitos outros poderiam ser dados, a cidade está repleta de casos, talvez até mais aberrantes.

Agora, será que ninguém vê isso? Será que ninguém enxerga o absurdo? Não precisa não, eu mesmo respondo: não, ninguém vê! A verdade é que ninguém vê mal nisso...

sábado, 5 de setembro de 2009

carta do leitor

Enviei para o Correio Popular, jornal de Campinas, e foi publicado hoje. Cortaram a ultima frase, nao sei porque:

A tendência de forte urbanização atravessou séculos, em especial o século XX determinando o franco crescimento das cidades, transformadas em palco dos grandes acontecimentos da humanidade. A CPFL é agente importante no meio ambiente urbano. Deveria assumir o papel de parceira da cidade realizando um projeto de requalificação e revitalização urbana que transferisse a rede de energia, aérea, para galerias subterrâneas. Se a empresa construiu um belo projeto que trata da cultura contemporânea através do Café Filosófico, poderia incluir as cidades em que atua no rol dos temas que trata como cultura. Os cidadãos e as árvores agradeceriam. Que o Café Filosófico se estenda por toda a cidade, para todos.

[leia aqui]

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Ted Kennedy

Quando o presidente John Kennedy foi assassinado, eu tinha 10 dias de vida. Minha mãe me dava o peito e ficou transtornada com a notícia na televisão. Kennedy marcou uma geração pelo mundo. Sua mulher foi admirada por todas as mulheres mundo afora. Cresci ouvindo falar de Kennedy e sua família. Impressionante o poder dessa família nos EUA, impressionante o eco desse poder pelo mundo.

Há alguns dias atrás, ao ver no noticiário que o senador democrata Ted Kennedy, sofrendo de um câncer no cérebro, procurava antecipar sua substituição no senado para que os democratas não perdessem um voto para o projeto de reforma no sistema de saúde dos EUA, comentei com Bia: ‘Mas que atitude do senador, interessado em defender uma causa que beneficie a todos, mesmo não estando lá, presencialmente, para defendê-la. O homem pensa num projeto, na comunidade, no país, desinteressadamente. É admirável! Será que veremos algo assim no nosso senado algum dia?’ E terminei, dizendo: ‘O senador não vai durar muito, deve estar em seus últimos dias, deve saber que não chegará vivo à votação do projeto da saúde’.

No dia seguinte, ou dois dias depois, vejo a notícia de sua morte. Apesar dos erros na juventude, Ted Kennedy se transformou num grande homem, que defendeu causas visando o bem estar da população americana. Os quatro temas pelos quais mais lutou foram saúde, educação, trabalho e as necessidades especiais e seus portadores. Foi um dos pilares da campanha de Obama nas últimas eleições. Trabalhou pela paz na Irlanda. Teve um funeral de chefe de estado. Os discursos em sua homenagem foram emocionantes, especialmente os dos dois filhos.

Entretanto, acima de tudo, foi um homem que defendeu valores, que estabeleceu um comportamento ético sem parâmetros para nossos senadores e políticos no Brasil. Eu fiquei admirado e triste. Admirado com a grandeza de um homem político. Triste porque não temos entre nós, no Brasil, um homem desse calado.

Fica a frase do senador Ted Kennedy como lição:

“Para todos aqueles pelos quais nos preocupamos, o trabalho continua, a causa permanece, a esperança está viva e o sonho não deve morrer.”

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

incentivo ao esporte

Agora, a Receita Federal apóia o esporte nacional, mais especificamente, o tênis brasileiro. O beneficiado direto, Ricardo Mello. Claro que é piada.

Mas o que aconteceu com o tenista em sua chegada a São Paulo, no aeroporto de Cumbica, vindo dos EUA, onde disputou o US Open não é. Mello ficou retido na alfândega durante 5 horas por que trazia consigo material cedido por sua patrocinadora, a francesa Babolat: dez raquetes, além de pares de tênis, uniformes, cordas e outros acessórios. O material faz parte do pacote de patrocínio recebido pelo jogador.

Os fiscais da Receita alegaram que o material excedia a cota permitida do imposto de importação de produtos vindos dos EUA e que não havia sido declarado. De nada adiantou Mello mostrar seu contrato com a Babolat e comprovantes de que participara do US Open. De nada adiantou alegar que se tratava de material de trabalho que não se destinava a comercialização.

Mello foi liberado depois de pagar R$2260,00 em tributos pelo excesso e multa de aproximadamente R$ 940,00 por não ter declarado os itens, cerca de R$ 3200,00 no total.

Além do apoio da Receita, Mello recebeu apoio do fiscal que o autuou. Segundo o tenista, o fiscal disse que se algum dia assistir a uma partida do brasileiro, vai torcer contra! Isso é tudo que o Brasil precisa. É esse tipo de apoio que deve ser dado à todos os esporte. Que beleza! Era o que Mello precisava!

Mello é hoje o número 5 no Brasil, 187 na ATP. É pra chorar ou pra rir?

Leia as notícias:
http://esporte.uol.com.br/tenis/ultimas/2009/09/01/ult4364u4454.jhtm
http://portal.rpc.com.br/gazetadopovo/esportes/conteudo.phtml?tl=1&id=920568&tit=Tenista-brasileiro-e-taxado-apos-5-horas-na-alfandega
http://www.estadao.com.br/noticias/esportes,ricardo-mello-fica-retido-na-alfandega-por-cinco-horas,428075,0.htm

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Rogerio Ceni

A Portuguesa de Desportos, a Lusa, é segundo time de todo paulistano. No ultimo jogo em seu estádio, aconteceu uma das cenas mais bizarras dos últimos tempos no esporte nacional. Ao final do jogo, após da derrota do time da casa, a torcida ameaçou jogadores e os agrediu verbalmente. Pior de tudo, dois conselheiros do clube entraram armados, acompanhados de dois seguranças, nos vestiários do time e ameaçaram jogadores e comissão técnica. Ou talvez tenham sido dois conselheiros acompanhados de dois seguranças armados. Não importa quem entrou armado. O incrível é como pessoas armadas entram no vestiário de um clube portando armas? O que pretendiam fazer?

Rogério Ceni é um grande goleiro. Demonstra, também, ser um homem íntegro. Sobre o episódio, disse:

“Achei lamentável e absurdo o que aconteceu na Portuguesa. Não entendo porque as pessoas não vão ao senado reclamar da mesma maneira. Se tivéssemos a mesma bravura para combater os políticos corruptos, talvez o nosso país fosse melhor. Existe uma inversão de valores na sociedade. A população não se revolta com que mexe no dinheiro, no bolso dela, mas sim contra um time que não ganhou em casa”.

Não preciso dizer mais nada.